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Eu gosto de acreditar que “o pensamento é um pedacinho de futuro, que permanece no campo do sentimento até o momento em que se materializa”. Eu gosto de pensar, porque, assim sendo a vida, provida da qualidade de transformar o verbo em tudo, tudo vira possibilidade a partir de um pensamento, já que tudo se inicia a partir dele e tudo se realiza a partir de um sim. Os cientistas quânticos descobriram, agora de fato, que cada ser deste vasto universo possui o predicado de construir o seu mundo, com as nuances próprias de cada um e suas preferências. É portanto que desejo a sabedoria dos filósofos, mas, ainda mais, a realização dos meus pensamentos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

PAI, PROVEDOR DA VERDADEIRA CONTABILIDADE DA VIDA


Eu me engano quando acredito que me garanto e que sou autossuficiente, ou capaz de resolver todos os meus problemas, achando que posso estabelecer meu próprio caminho por mim apenas.

Sou um ser referenciado, não dá para ser diferente - como o ganancioso pelas riquezas, o vaidoso pela beleza, o maldoso pelo mal e o bondoso pelo bem, o egoísta pelo orgulho e o santo pela santidade.

Ouço vozes o tempo todo e obedeço àquelas que me convém, ou que convém a algo ou alguém. Acredito que sou mesmo conduzido por referências impostas ou escolhidas. Impostas quando opto por atitudes movidas pela indiferença ou pelo ódio, e escolhidas se uso o amor para guiar a minha vida. Isso significa que dessas escolhas podem nascer escravidão ou a liberdade.

Pensando nessas referências, costumo dizer que se o seu pai não tem o domínio da sua vida, o mundo o terá, porém sem o amor do pai.

Num documentário da Discovery sobre as prostitutas de Nova Iorque e seus gigolôs, uma realidade inesperada e interessante - elas, que arriscam suas vidas trabalhando intensamente nas noites da Big Apple, entregam aos seus gigolôs todo o dinheiro recebido nos programas. Não bastasse isso, essas "concubinas de aluguel" passam suas horas vagas servindo-os, submissas, com massagens, cuidados com suas roupas ou lixando-lhes as unhas. Eles, imponentes, normalmente vestidos de branco e muitas correntes de ouro, carrões exuberantes, chapéus, exibindo sempre grandes canecos com algum tipo de líquido a bebericarem. Embora recebendo altos valores por cada programa, em torno de dois mil dólares, recebem de seus amos apenas abrigo, alimento e segurança.

Fiquei a pensar qual seria a compensação para tamanha submissão a pessoas descaradamente oportunistas, como são aqueles gigolôs. Porque com todo esse dinheiro que elas ganham é possível viver sem depender de alguém que lhes dê abrigo. Mas, na continuação do documentário, emergiu a chave para esse mistério quando eles saíram para arrebanhar outras “mulheres zumbis” para ampliar seus plantéis... os cafetões usam, como argumento para convencê-las a entrarem em seu domínio, frases do tipo: “- venha, agora EU serei o seu PAI…”, “EU serei o PAI que te dará segurança e amor”... Algumas não lhes deram atenção, mas outras sim, e passaram a fazer parte do círculo escravizante dominado por uma pessoa sedenta de benesses e poder.

Durante muito tempo da minha vida eu não tinha uma boa relação com meu pai, eu trazia na língua todos os argumentos para não gostar sequer de ouvir sua voz. Além disso, dizia ser uma pessoa independente e autossuficiente, que me garantia e por isso só falava, não ouvia. Tinha plena convicção de que não havia nada para buscar do meu pai, já que sua referência eu desprezava. Ele era o errado e eu, claro, a pessoa iluminada pelos deuses, com todas as respostas prontas.

Mas, o fato é que, nas minhas andanças, quando um “cafetão” dissimulado e ardiloso percebia que eu andava “solto”, aproximava-se e oferecia a segurança e o amor que EU rejeitei do meu pai. Então, passava a servi-lo, dando a ele o melhor de mim. Durante todos aqueles anos eu servi diversos “gigolôs”, uns menos afoitos e ambiciosos e outros mais, até que fui aprisionado por um com ambições insaciáveis. Aceitei sua proposta e permiti ser reduzido à escravidão extrema. Para esse “amo” eu entreguei anos das minhas economias, anos do meu tempo e anos da minha convivência familiar, porque ele me exigia, não uma parte do meu tempo, mas todo ele, por isso, enquanto o servia experimentei a banca rota, desci ao fundo do poço e, quando já não restava muito dos meus recursos financeiros, psicológicos e morais, resolvi pedir ajuda para Deus. Só então ouvi Sua voz, provavelmente porque parei de falar e decidi ouvir.

Deus me fez ver que meu PAI é a fonte de bênçãos que eu precisava, que, se não tem habilidades para se expressar da forma como eu acreditava ser correta, como fazem os “gigolôs", ele tentou da forma como sabia, porém tem no coração algo que esses os oportunistas não possuem, o amor que Deus planta no coração de todos os pais no momento da geração do filho.

Desde então, a partir de quando minha mente e meu coração se abriram para o óbvio, deixei de me submeter a pessoas para me submeter a Deus e ao meu PAI. Que este tenha muitos defeitos, é óbvio que sim, assim como eu, mas é meu PAI e dele não abro mão da bênção.

Por isso tenho vivido verdadeiramente e pensando com minha própria cabeça, pois descobri a liberdade na submissão, um paradoxo incrivelmente maravilhoso que me ensinou e me fez compreender a expressão de Deus: "o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza".

Muitos problemas ainda tento resolver como herança do tempo negro, já que leva tempo para consertar anos de vida errante, mas deixei de estabelecer novas escravidões a partir dessa decisão, o que tornou minha vida mais leve e verdadeira.

Nunes

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