Quem sou eu

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Eu gosto de acreditar que “o pensamento é um pedacinho de futuro, que permanece no campo do sentimento até o momento em que se materializa”. Eu gosto de pensar, porque, assim sendo a vida, provida da qualidade de transformar o verbo em tudo, tudo vira possibilidade a partir de um pensamento, já que tudo se inicia a partir dele e tudo se realiza a partir de um sim. Os cientistas quânticos descobriram, agora de fato, que cada ser deste vasto universo possui o predicado de construir o seu mundo, com as nuances próprias de cada um e suas preferências. É portanto que desejo a sabedoria dos filósofos, mas, ainda mais, a realização dos meus pensamentos.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

BUMERANGUE

 
 
 
Quando damos conta que existimos, um turbilhão de coisas ocupam nossa vida. Lembro-me bem, desde criança, tudo que preenchia minha vida. Os pais, irmão , primos, amigos, vizinhos, escola, tarefas, brincadeiras, responsabilidades... eram tantas coisas que ocupavam nossa mente e coração, que tentando relembrar tudo o que já passou, parece um tsunami. A vida era agitada e a impressão de criança, é que os problemas que estavam ao nosso redor, pareciam tão distantes!!! Será que realmente existiram? Éramos felizes com tão pouco! 
 
Os brinquedos que chegavam somente no Natal. Tínhamos pouca roupa, 1 sapato, as brincadeiras eram na rua, quintais. Tudo era demais. O lanche trocado entre os amigos na escola, água de poço, banho de bacia ou no chuveiro improvisado. Sem televisão, a leitura e imaginação, iam longe. O céu era aberto, estrelas que brilhavam mais e o cheiro era perfume de mato. Com o tempo, foi se agregando paixões, amores, nova família, filhos. As responsabilidades apertam mais e cobram um preço maior. A velocidade  é aumentada...Vida profissional, metas, e quando vc percebe, parece estar numa centrífuga. Ahhhh essas lembranças!

Hoje, dirigindo por uma estrada movimentada, comecei a refletir onde foi parar nossa vida? Temos tudo, mas a cada dia, o vazio aumenta. 
 
Não temos os amigos por perto- muitos talvez nem foram nossos amigos??? vivemos longe sempre, e pelas estradas do nosso coração, fomos deixando em muitas estações, tudo o que um dia nos fez o que somos e o que tanto lutamos e almejamos. 
 
Parceiros, nossos pais, filhos, amigos. 
 
Esse é o preço da pressa em querer sempre que a vida passe...tudo passa com algum requinte de crueldade: morte, doenças, dores, saudade e vazio....o vazio? Vai deixando cicatrizes e muitos buracos que mesmo dirigindo em estradas sem curvas, vc não consegue segurar o trepidar de um coração descompassado.

Gleici 10/2018
 

 

quarta-feira, 20 de junho de 2018

NO CORAÇÃO DO PAI


‘Cria em mim Senhor, um coração puro e renova dentro em mim, um espírito inabalável.’ Salmos 51:10

Esse sempre foi um salmo que uso como uma oração. Desse coração nasce todas as saídas da minha vida e me norteará nessa caminhada.

Nem sempre minhas escolhas foram as melhores. Tenho caído muitas vezes, mas continuo tentando reencontrar ‘o caminho’. 

Tenho estudado mais sobre a graça da nossa salvação, e confesso que sou incapaz de entender. Vivemos buscando por uma justiça tão falha, e ao nosso alcance está essa graça que nunca se cansa de nos envolver. Fazemos tudo errado e mesmo assim, aparecem bençãos incríveis, que eram impensáveis! 
Não tenho sido merecedora desse amor tão grandioso, mas a cada dia o tenho sentido pulsando nesse pobre coração. Um coração fraco, ansioso, teimoso, falho; sem esperança muitas vezes, mas, que apenas Aquele que o criou, conhece suas intenções. 

Aprendi que quanto mais o buscamos, demonstraremos nossa incapacidade de mudanças, e somente aí, que seremos tocados. Jamais mudaremos se não nos dobrarmos aos pés da cruz, para que nossos ‘trapos de imundícia’, sejam trocados pelas vestes puras, renovadas pelo Sangue do Cordeiro.

Minha jornada tem sido intensa e venho tentando alcançar o coração do Pai. Sempre pedi para ser Luz...aquela que irá iluminar pessoas que precisam de um toque, uma ajuda, um carinho. 
Quero brilhar por amor, para que minha família, amigos e desconhecidos, possam através da minha vida, saber em quem eu creio...Ele é ‘aquele que habita no esconderijo do Altíssimo.’

Quando recebo uma benção muito visível, eu paro e penso: como poderia eu merecer? 

Sou grata, porque a cada dia, sinto meus olhos sendo limpos para enxergar coisas que antes não conseguia. Quando tudo conspirar contra, coisas maravilhosas serão reveladas...através de uma oração, meditação, de um sonho. 

Se um dia tudo parecer escuro, quando a verdade for misturada com mentiras para acomodar nosso prazer e sentimentos, quando vc for traído, quando pessoas que vc confia e acredita te virar às costas, quando a doença de um querido te fizer sangrar, pare tudo...olhe para o alto de onde vem o socorro, e vc ouvirá uma voz dizendo: Filho, confia...a minha Graça, te basta.


da minha queridíssima
Gleici Grace

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

A MORTE



O DIA EM QUE EU MORRI
(Texto de Lígia Guerra)

Vou contar como tudo aconteceu.

A minha primeira parcela de morte aconteceu quando acreditei que existiam vidas mais importantes e preciosas do que a minha. O mais estranho é que eu chamava isso de humildade. Nunca pensei na possibilidade do auto abandono.

Morri mais um pouquinho no dia em que acreditei em vida ideal, estável, segura e confortável.

Passei a não saber lidar com as mudanças.
Elas me aterrorizavam.

Depois vieram outras mortes.

Recordo-me que comecei a perder gotículas de vida diária, desde que passei a consultar os meus medos ao invés do meu coração. Daí em diante comecei a agonizar mais rápido e a ser possuída por uma sucessão de pequenas mortes.

Morri no dia em que meus lábios disseram, não.
Enquanto o meu coração gritava, sim!

Morri no dia em que abandonei um projeto pela metade por pura falta de disciplina.

Morri no dia em que me entreguei à preguiça.
No dia em que decidir ser ignorante, bulímica, cruel, egoísta e desumana comigo mesma.

Você pensa que não decide essas coisas?
Lamento. Decide sim!

Sempre que você troca uma vida saudável por vícios, gulodice, sedentarismo, drogas e alienação intelectual, emocional, espiritual, cultural ou financeira, você está fazendo uma escolha entre viver e morrer.

Morri no dia em que decidi ficar em um relacionamento ruim, apenas para não ficar só.
Mais tarde percebi que troquei afeto por comodismo e amor por amargura.

Morri outra vez, no dia em que abri mão dos meus sonhos por um suposto amor.
Confundi relacionamento com posse e ciúme com zelo.

Morri no dia em que acreditei na crítica de pessoas cruéis.
A pior delas? Eu mesma.

Morri no dia em que me tornei escrava das minhas indecisões.
No dia em que prestei mais atenção às minhas rugas do que aos meus sorrisos.

Morri no dia que invejei , fofoquei e difamei.
Sequer percebi o quanto havia me tornado uma vampira da felicidade alheia.

Morri no dia que acreditei que preço era mais importante do que valor.
Morri no dia em que me tornei competitiva e fiquei cega para a beleza da singularidade humana.

Morri no dia em que troquei o hoje pelo amanhã.

Quer saber o mais estranho? O amanhã não chegou.
Ficou vazio… Sem história, música ou cor.

Não morri de causas naturais.
Fui assassinada todos os dias.

As razões desses abandonos foram uma sucessão de desculpas e equívocos.
Mas ainda assim foram decisões.

O mais irônico de tudo isso?

As pessoas que vivem bem não tem medo da morte real.
As que vivem mal é que padecem desse sofrimento, embora já estejam mortas.

É dessas que me despeço.

Assinado:

A CORAGEM

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O instinto de preservação da vida às vezes aparece do nada, com uma força incrível, como o air-bag que dispara antes que a onda de impacto chegue ao ocupante de um carro. Tem gatilho automático e movimento potente.

O texto acima fala da morte sorrateira, aquela que não é percebida pelo dispositivo que foi preparado para acionar a bolsa protetora em caso de forte impacto. É a morte perigosa como veneno de efeito lento. Para esse tipo de morte não há dispositivo de alarde ou alarme, é preciso vigiar e orar. Cuidar para não ser pego de surpresa quando já não há mais coração ou pulmões.

A Bíblia fala da morte como coisa boa. Em Eclesiastes,  "melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete"; em Filipenses, "morrer é lucro"; Jesus diz que "não há amor maior do que daquele que dá sua vida pelo amigo", e acrescenta "devo morrer para mim e nascer um homem novo". 

Mas, que Jesus seja bem compreendido, morte boa é aquela que produz vida, é a morte da semente, como Ele mesmo disse, "se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá fruto", e Paulo completa: "insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer".

Ficou parecendo um paradoxo, um texto falando em se preservar e a Bíblia recomendando a morte. É que são momentos e ocasiões diferentes, ambos estão corretíssimos. O primeiro diz da semente que morre antes da maturação, quando a semente ainda não está preparada para frutos, da morte interna, daquela que torna a semente estéril. É preciso compreender que para amar é necessário antes amar a si mesmo.

Nunes