Quando damos conta que existimos, um
turbilhão de coisas ocupam nossa vida. Lembro-me bem, desde criança,
tudo que preenchia minha vida. Os pais, irmão , primos, amigos,
vizinhos, escola, tarefas, brincadeiras, responsabilidades... eram tantas
coisas que ocupavam nossa mente e coração, que tentando relembrar tudo o
que já passou, parece um tsunami. A vida era agitada e a impressão de
criança, é que os problemas que estavam ao nosso redor, pareciam tão
distantes!!! Será que realmente existiram? Éramos felizes com tão
pouco!
Os brinquedos que chegavam somente no
Natal. Tínhamos pouca roupa, 1 sapato, as brincadeiras eram na rua,
quintais. Tudo era demais. O lanche trocado entre os amigos na escola,
água de poço, banho de bacia ou no chuveiro improvisado. Sem televisão, a
leitura e imaginação, iam longe. O céu era aberto, estrelas que
brilhavam mais e o cheiro era perfume de mato. Com o tempo, foi se
agregando paixões, amores, nova família, filhos. As responsabilidades
apertam mais e cobram um preço maior. A velocidade é aumentada...Vida
profissional, metas, e quando vc percebe, parece estar numa centrífuga.
Ahhhh essas lembranças!
Hoje,
dirigindo por uma estrada movimentada, comecei a refletir onde foi
parar nossa vida? Temos tudo, mas a cada dia, o vazio aumenta.
Não
temos os amigos por perto- muitos talvez nem foram nossos amigos???
vivemos longe sempre, e pelas estradas do nosso coração, fomos deixando
em muitas estações, tudo o que um dia nos fez o que somos e o que tanto
lutamos e almejamos.
Parceiros, nossos pais, filhos, amigos.
Esse
é o preço da pressa em querer sempre que a vida passe...tudo passa com
algum requinte de crueldade: morte, doenças, dores, saudade e vazio....o
vazio? Vai deixando cicatrizes e muitos buracos que mesmo dirigindo em
estradas sem curvas, vc não consegue segurar o trepidar de um coração
descompassado.
Gleici 10/2018