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Eu gosto de acreditar que “o pensamento é um pedacinho de futuro, que permanece no campo do sentimento até o momento em que se materializa”. Eu gosto de pensar, porque, assim sendo a vida, provida da qualidade de transformar o verbo em tudo, tudo vira possibilidade a partir de um pensamento, já que tudo se inicia a partir dele e tudo se realiza a partir de um sim. Os cientistas quânticos descobriram, agora de fato, que cada ser deste vasto universo possui o predicado de construir o seu mundo, com as nuances próprias de cada um e suas preferências. É portanto que desejo a sabedoria dos filósofos, mas, ainda mais, a realização dos meus pensamentos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O MEDO


“Um copo pode estar meio cheio ou meio vazio”... só depende de quem o observa. Ele pode ter a qualidade de conter uma porção de água ou a invalidez da falta da outra metade. O Evangelho de Mateus diz que “a candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz” Mat 6:22, ou seja, é a qualidade própria e íntima de cada um que, pelos olhos, define o copo e a vida com bom conteúdo ou a falta dele.

Falamos da falta para tentar compreendê-la, porém a falta não consiste; falamos do medo para tentar compreendê-lo, porém o medo também não consiste; é a metade vazia.

Falar do medo é tentar dar sentido ao que não há, pois ele nada é, apenas a expressão da ausência de fé e de coragem.

Observá-lo é olhar para o vazio e se lançar no abismo da ausência. Porém, se assim temos a qualidade de aprender, mesmo que pelo contraste do vazio, creio que vale a pena continuar. Vamos lá...

Vejo que é comum pessoas serem assaltadas mais de uma vez enquanto outras vivem a vida toda sem esta experiência e, às vezes, circulando por vias muito mais perigosas.

Vejo também pessoas determinadas pela fé construindo o que desejam.

Ao mesmo tempo que o medo é vazio, há que se cuidar porque o objeto deste medo, pela prática do medo, pode se materializar; assim como o objeto da fé se materializa pela prática da fé.

Sabemos que o medo é um sentimento que chega antes da decisão de andar por onde nunca se andou. E, dar-lhe autonomia, é preservar a vontade de permanecer no “porto seguro”, enquanto que fomos feitos para navegar.

O desejo de se preservar, às vezes, torna-se mais forte do que a necessidade de se lançar e fazer valer a vida, esta que só tem sentido pela própria missão.

Sendo assim, talvez não seja uma boa ideia se preservar. Jesus diz: “aquele que se apegar à própria vida a perderá” e acrescenta, “renegue a si mesmo”. Não seria este conselho traduzido como: - Mesmo que você queira se preservar, não haverá como...?

Se Deus dá a orientação e confiamos nEle, não seria mais prudente se lançar para dentro do Seu abismo do que preservar algo que sabemos que é efêmero, como o nosso corpo ou o orgulho, por exemplo? Não estou dizendo que não devemos cuidar do nosso corpo, mas viver somente para se preservar é que não faz sentido.

É a falta de confiança em si diante do desconhecido que provoca o medo. Ele aparece quando deixamos de acreditar que somos capazes de atitudes construtivas diante de qualquer falha que possa surgir pelo caminho.

Shankara, a maior mente filosófica da tradição védica, traz a seguinte parábola:
“Um homem está andando pela estrada à noite e vê uma grande cobra enrolada no chão. Foge apavorado e acorda todos com seus gritos de "cobra!”, “cobra!". Os habitantes de sua aldeia também ficam aterrorizados; as mulheres e crianças não querem mais sair de casa por causa da cobra, e o cotidiano começa a ser perturbado pela apreensão de todos. Então, alguém mais valente resolve dar uma olhada na tal cobra. Pede ao homem para lhe mostrar o lugar onde a viu e, quando chegam lá, descobrem que não é uma cobra, mas uma corda enrolada no meio da estrada. Todos os nossos medos, disse Shankara, foram construídos a partir de uma ilusão semelhante. De fato, nada de real pode ser separado daquilo que nos dizemos que é real”.

Ganhar a vida é o sentido; o medo está na contramão.

Sendo assim, se o medo se manifesta diante do desconhecido, a forma mais objetiva de eliminá-lo é buscar o conhecimento. É necessário saber em que chão se está pisando, mas não deixar de pisá-lo.

Queira conhecer profundamente o seu pai e a sua mãe, queira conhecer o novo relacionamento, o novo emprego ou a nova turma.

Aprenda como funciona a asa delta, como as condições de planeio pode te dar segurança quando a térmica acaba, conheça o seu centro de gravidade e as mudanças possíveis da posição pendular; investigue a qualidade da vela e do alumínio que forma a sua estrutura, mas VOE.

Faça valer cada minuto vivido e guarde a experiência desses minutos.

E o principal, queira conhecer Deus; descubra os seus porquês, preste atenção em cada conselho Seu e viva-os. Depois, quando ficar somente o que é mistério, a fé preencherá o que ainda não se pode conhecer.

Nunes