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Eu gosto de acreditar que “o pensamento é um pedacinho de futuro, que permanece no campo do sentimento até o momento em que se materializa”. Eu gosto de pensar, porque, assim sendo a vida, provida da qualidade de transformar o verbo em tudo, tudo vira possibilidade a partir de um pensamento, já que tudo se inicia a partir dele e tudo se realiza a partir de um sim. Os cientistas quânticos descobriram, agora de fato, que cada ser deste vasto universo possui o predicado de construir o seu mundo, com as nuances próprias de cada um e suas preferências. É portanto que desejo a sabedoria dos filósofos, mas, ainda mais, a realização dos meus pensamentos.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

CORRENTE DO BEM x COMPROMISSO PRECIOSO


A arte tem o predicado de significar coisas que a razão às vezes não consegue fazer.

Seja na música, cinema, dança ou nas nuances de uma bela escultura, sob qualquer expressão, ela declara os pensamentos que foram moldados na inspiração do artista de um jeito que só o coração pode perceber. Assim, por conseguir transpor a minha alma, a arte me faz emergir compreensões que com palavras seria impossível ou, no mínimo, complexo.

Ora, se a arte possui este poder de invadir a consciência, ela acaba também me deixando vulnerável. Porque quando a consciência se abre as suas paredes são impregnadas com os novos conceitos. As mensagens, então, não passam sem deixar resíduos.

O ar está repleto dessas mensagens vivas influenciando, transformando, construindo e consumindo sem que eu imediatamente perceba, porque estão além dos cinco sentidos naturais. É preciso estar atento à mais sutil percepção, a da alma, para assim não se deixar levar enxurrada abaixo. Porque as mensagens ocultas nas entrelinhas e na forma podem ser espelhos das tendências pessoais do artista, sendo positivas ou não.

Outro dia eu pude fazer uma leitura, nesta ótica, de dois filmes: CORRENTE DO BEM e COMPROMISSO PRECIOSO.

O primeiro fala de um garoto que tem uma ideia para desenvolver o trabalho proposto na disciplina de Estudos Sociais. Ele iniciaria uma "corrente do bem". Uma espécie de onda em que as pessoas passariam para frente um bem recebido.

O segundo filme conta a história de uma família que sofre pela doença contraída pela mãe. São pessoas tentadas a buscar suas próprias satisfações e desejos enquanto que os valores originais gritam por sobrevivência.

Vi que o primeiro fala muito do bem, no entanto, em momento algum mostra o verdadeiro bem, pelo contrário, diz diversas vezes que este mundo é uma "m..."; o pai do garoto é uma pessoa violenta e nem por isso tentam transformá-lo, querem só afastá-lo do filho. Outro pai, o do professor, também pratica violência. A mãe do garoto é alcoolista e indiferente, abandonou a própria mãe, mas os seus atos foram justificados pela violência que sofreu do marido e da mãe e, o próprio garoto protagonista da trama, é uma pessoa que aprecia cenas violentas e outros conflitos do gênero.

Fiquei com a falsa imagem de uma mensagem boa, porque uma "corrente do bem" não poderia ser má. Engano !... quando este filme termina, se inquirido o sentimento, serão ouvidos resquícios de vingança, desprezo, desesperança e tristeza contaminando a alma de quem o assistiu.

Um filme assim poe à prova a minha noção de bem e de mal. Principalmente se macular a imagem do meu pai genitor, porque assim também se macula a imagem do pai Deus. É esta a grande sacada de quem deseja espalhar as suas matadelas nas mentes alheias.

O segundo filme não fala do bem, só mostra exemplos reais do bem. Não mostra a separação de pessoas como verdade, mas a transformação delas. Não valoriza a busca de prazeres efémeros, mas a paz perene pela fidelidade e lealdade... e assim segue.

Não seria assim uma corrente verdadeira do bem?

Se a referência define a resposta, então eu prefiro tomar o amor. Porque, por ele, eu creio que a verdadeira corrente do bem é ajudar na transformação daqueles que desejam evoluir e não eliminá-los. Nas suas primícias estão atitudes construtivas e comprometidas com a evolução e a paz comum, porque se a corrente do bem estiver baseada no amor, qualquer ato ou palavra servirá para a construção deste bem.

E não é difícil enxergar o que está nas entrelinhas porque elas deixam rastros. Por exemplo: - nestes dois filmes há um momento comum, no primeiro, a mãe do garoto disse para a sua mãe que a perdoa.

Penso que ninguém que tenha descoberto a força do perdão usaria esta palavra de forma tão arrogante e pretensiosa. Quando tomo a iniciativa do perdão, devo pedir perdão e não dizer que eu perdoo. O ato do perdão é silencioso, ou seja, não se fala, a não ser que se peça a sua confirmação.

Já no segundo filme, um homem chega ao seu irmão e pede perdão a ele. Pedir perdão significa mudança real para o bem e se faz eficaz mesmo quando quem de fato necessita ser perdoado não é quem o pede.

Assim muitos filmes seguem levando e trazendo novos conceitos, como também o: CIDADE DE DEUS, dirigido por Fernando Meirelles, que, apesar de mostrar algumas cenas violentas, dá a real compreensão de como foram e são formados os "delinquentes" do nosso país. O filme remete à reflexão construtiva e ao comprometimento de todos.

No mesmo período uma rede de televisão exibiu o seriado CIDADE DOS HOMENS, com o mesmo elenco e enredo, porém desvirtuou o caráter construtivo do filme.

Assim a mídia me bombardeia, fazendo confundir a minha consciência de verdade e influenciando nas minhas atitudes, das quais sou o único responsável.

Sei que são detalhes e que se confundem facilmente com a simbologia, mas eles iluminam atitudes que fazem diferença, principalmente para quem deseja saborear a verdade que é a vida.



Nunes