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Eu gosto de acreditar que “o pensamento é um pedacinho de futuro, que permanece no campo do sentimento até o momento em que se materializa”. Eu gosto de pensar, porque, assim sendo a vida, provida da qualidade de transformar o verbo em tudo, tudo vira possibilidade a partir de um pensamento, já que tudo se inicia a partir dele e tudo se realiza a partir de um sim. Os cientistas quânticos descobriram, agora de fato, que cada ser deste vasto universo possui o predicado de construir o seu mundo, com as nuances próprias de cada um e suas preferências. É portanto que desejo a sabedoria dos filósofos, mas, ainda mais, a realização dos meus pensamentos.

sábado, 7 de maio de 2016

NOVO TRATADO DOS SEXOS


Participo há dezenove anos de uma confraria de amigos sob o tema da gastronomia. Dezenove anos cozinhando e proseando, onde quase todos os membros da Nossa Confraria são os mesmos desde a fundação, poucas mudanças aconteceram e já são duas gerações participando. Dezenove anos consolidando amizades, foi o que fizemos.

Meus amigos de fora, talvez por não compreenderem harmonia tão duradoura, às vezes me perguntam se já houve atritos entre os confrades e, também, qual o segredo para se manter por tanto tempo viva essa confraria composta de pessoas com realidades tão diferentes.

Obviamente que experimentamos alguns atritos, porque, embora os grupos de pessoas são comumente formados a partir de interesses comuns, as pessoas são heterogêneas quanto aos seus conceitos e culturas. Porém, usando com moderação, o atrito e a discordância passam a ser elementos fundamentais na evolução pessoal de cada um e, quanto ao segredo para se manter esta associação saudável, eu diria que o que realmente preservou a nossa amizade durante esses anos foi termos fundamentado a nossa ideia sobre poucas regras de conduta... ou quase nenhuma. Usamos o bom senso natural e uma única regra artificial, a de não se permitir a permanência de pessoas do sexo feminino na mesa dos encontros semanais, exceto nos dias de eventos familiares.

Você já pode estar achando que o grupo é “machista” ou coisa do gênero, ou julgando que “apesar de vivemos no século XXI as mulheres ainda são por nós discriminadas”.

Antes de ser queimado na fogueira da inquisição pós-moderna, vou tentar explicar o motivo dessa imposição: - Ocorre que, enquanto não havia essa proibição, aconteciam atritos entre os confrades e suas esposas, que ficavam indignadas com seus maridos por sentarem numa mesa de bar com outras mulheres, mesmo quando se tratava da esposa ou namorada de um dos confrades. Foi pensando nisso que decidimos estabelecer esta única e necessária regra, e assim mantivemos a tão salutar harmonia nos nossos encontros.

Os casos omissos foram sempre resolvidos sob os princípios da ética e do bom senso.

Mas, o assunto não é o respeito às relações entre sexos? Por que estamos falando de confrarias e regras?

Pois bem, vamos então ao assunto. É que pretendi ilustrar o quanto atrapalhamos as relações pessoais tentando estabelecer controles para tudo, principalmente quando esses controles são engessados sob a cultura do “politicamente correto”, o modismo que bateu forte nas relações entre homens e mulheres, transformando amor em guerra. Esta sim é uma política castradora, pois rege sua própria censura, proibindo e eliminando o poder criativo e a capacidade de cada um de expressar a sua própria opinião formada sobre tudo.

Não é isso que o nosso criador espera.

É um assunto banal? Claro que não! A mídia faz parecer que sim, mas casais estão se separando, famílias implodindo, filhos ficando desamparados à sua própria sorte, uso de drogas aumentando e a felicidade indo embora.

E, pior, toda essa insanidade foi construída propositalmente, alguém está ganhando muito com tudo isso, pode ter certeza, e não há como compreender como a grande massa se deixou levar por ideias tão contrárias à paz.

Muitas coisas foram instituídas sem lógica, e um exemplo disso é a instituição da comemoração do  dia de um dos sexos para homenageá-lo, como se alguém tivesse o privilégio de escolher o seu antes de nascer. - À exceção daqueles que necessitam mesmo da ajuda da comunidade, por uma deficiência qualquer que o impede de realizar seu sustento e proteção, é difícil conceber a concessão de privilégios legais a alguém só pela forma física que nasceu, raça, posição social, cor ou sexo, se essa pessoa possui recursos para conviver e exercer tarefas comuns aos outros mortais, seus direitos e, principalmente, suas obrigações. É moralmente absurdo viajar em aeronaves onde há banheiros exclusivos para este ou aquele sexo, sugerindo que o excluído seja alguém indigno de utilizar; viajar em ônibus com poltronas exclusivas para este ou aquele sexo e conviver com leis e departamentos de proteção para este ou aquele sexo, argumentando fragilidade ( física ou emocional...? ), como se a violência psicológica não superasse qualquer outra; além do que é inconcebível discriminar e punir por vingança, ou para compensar as supostas discriminações do passado.

A natureza é sábia, pode ser compreendida. No reino dos pássaros, por exemplo, por motivos óbvios e nobres, o macho é cantador e possui as plumas mais exuberantes e coloridas. O canto serve para conquistar a fêmea e expor para ela a sua capacidade de adaptação e força, mostrando assim a sua condição de dar segurança à sua família e de oferecer uma cria forte e saudável; e as cores, para atrair um possível predador para si livrado a fêmea e seus filhotes do perigo; a leoa está encarregada dos cuidados com a família, caça, protege seus filhotes e até dá sustentação ao macho. Este, além de também caçar, mantém a ordem na comunidade, sendo que se for preciso, entrega sua vida por ela. Porque sabe que, se outro macho dominar a alcateia, todos os filhotes seriam mortos pelo dominador.

O fato é que está ficando muito confuso viver, as regras estão se tornando cada vez mais especialistas e o risco é de cairmos novamente nos erros que já caímos como quando trabalhamos em prol do ideal de pessoa perfeita criado por Hitler, que pretendia viabilizar a "raça ariana" com suas peles claras, altura padrão e olhos claros, para se tornar a única raça com direito à vida.

Se há o que combater, como por exemplo a violência, que seja contra a violência em si, não violência contra este ou aquele. Se há direitos a serem preservados, que sejam o direito em si, não o direito deste ou daquele.

Por essas e outras razões, pela necessidade da parceria, se é para o bem do relacionamento e felicidade geral da família, antes que as batalhas terminem quando um dos lados seja derrotado enquanto o outro sobe solitário no pódio para exibir seu troféu, marcando o fim dos relacionamentos entre homens e mulheres, quero propor um novo Tratado dos Sexos, não baseado na Constituição Federal, Leis Complementares ou Ordinárias, etc, mas unicamente no bom senso.

A menos que eu esteja enganado quanto à inexistência de outorga de qualquer supremacia de um sexo sobre o outro, os termos do Tratado seriam os seguintes:

1. fica proibido estabelecer um dia comemorativo para este ou aquele sexo. Que fique estabelecido o Dia do Namoro;

2. da forma como sempre foi, em caso de catástrofe, naufrágio ou qualquer circunstância onde houver risco de vida, ao homem, única e exclusivamente pelas condições físicas mais vantajosas para escapar do risco, fica atribuída a responsabilidade dele de ajudar no salvamento, primeiro às crianças e mulheres, depois aos outros homens com menor condição e, por fim, a si;

3. nas demais situações, a preferência será concedida por quem estiver sob o domínio daquele momento. Por exemplo, se o domínio da porta for de uma mulher, ela deve dar a preferência para o homem, e vice-versa;

4. fica proibida a manifestação, de qualquer dos sexos, de reivindicação de quaisquer direitos que não estejam condicionados a compatíveis e correspondentes obrigações;

4. em um discurso, se a palavra é da mulher, ela deve iniciar a frase dizendo “- senhores e senhoras”, e se o homem discursar, inicia a frase dizendo “- senhoras e senhores”;

Então... que tal homens privilegiarem as mulheres e estas, por suas vezes, privilegiarem os homens? Não seria interessante? Afinal, não fomos feitos uns para os outros?

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