Que outra união tão perfeita Deus poderia ter criado para esta vida, não fosse o matrimônio?
Tudo é harmonia e perfeição - um pai com todas as forças e vontades para dar rumo aos seus, dotado de habilidades para o sustento da família inteira, especialista em futuro que o faz garantidor da construção de cada filho seu. Enquanto incentiva os cuidados com o estudo, é capaz de perceber qualquer deslize, ensinando caráter e honestidade, e cuidando para que as companhias não deteriorem o que é sagrado.
Uma mãe que foi dotada de força para cuidar do presente, que
se preocupa com a saúde física e mental da sua cria, doando afeto e amizade
para que seus filhos cresçam como pessoas humanas e integradas, alimento para o
corpo e alma. Ela traz vida para o ambiente da família inteira, em
detalhes que só uma mulher abençoada é capaz de ver.
Filhos que são a alegria do casal, potencialmente capazes de
aprender e de trazer orgulho para a família enquanto conquista espaços e
conhecimentos que se transformam em paz para o coração dos seus pais. Isso, sem
falar nos netos e "agregados".
Costumo dizer que quando alguém se torna pai ou mãe,
independentemente da sua vontade, Deus coloca em seu coração uma porção de amor
escravizante, que o transformará para o resto de sua vida, causando dor
insuportável se o pai for impedido de realizar sua tarefa de pai e se a mãe se
deixar de ser mãe.
Felizes daqueles que podem acompanhar o crescimento dos seus filhos, e conseguem comemorar juntos as suas conquistas.
Por isso, penso que o sucesso de qualquer pessoa é medido
pelo sucesso da sua família, ou, como Jesus preferia dizer, “é pelos frutos que
se conhece uma árvore”.
Mas, o que poderia dar errado? Fico me perguntando por que
uma junção tão maravilhosa poderia não perdurar? Por que vemos tantas
separações que contradizem o amor? Por que a união sagrada passou a ser o
grande desafio dos casais de hoje, se o amor ainda é cantado em versos e
desejado por todos? Por que no tempo dos nossos pais tudo funcionava, mesmo que
à custa de longas conversas e algumas cicatrizes no coração, e hoje já temos
nossas dúvidas? Se ainda é o sonho de muitos, por que não se pode encontrar um
meio para continuar, principalmente quando o casal tem filhos?
Muitas ideias poderiam ser escritas aqui para uma tese que analise esse fenômeno, mas fiquemos somente com alguns detalhes que
talvez façam a diferença.
A resposta estaria exatamente nas falhas que ocorreram no
casamento anterior, ou seja, dos pais desse pai ou dessa mãe.
O fato é que há uma diferença entre os relacionamentos do tempo dos
nossos pais comparados com os de hoje. A geração anterior à nossa se preocupava
em levar elementos para o casamento. Enxovais que faziam valorizar as coisas da
casa. Não só feitos de linhas, lãs, tecidos e botões, mas costurada de
habilidades e dons, estes que foram conquistados no tempo de formação, passados de pai
para filho e de mãe para filha. Orgulho de quem tinha o que oferecer, de quem
fazia a diferença e que deixava o companheiro ou a companheira satisfeitos e
orgulhosos. Ou seja, as pessoas entravam no matrimônio para levar algo. Diferente do que está acontecendo hoje em dia, quando as pessoas estão entrando
nos relacionamentos para buscar algo.
Se observarmos os artigos das revistas antigas, veremos que
os pais e mães ensinavam seus filhos e filhas a amar o outro, e não a desejar
ser amado ou amada.
Essa mudança de direção fez evidenciar os defeitos do outro
ao invés de ressaltar as qualidades. A admiração se transformou em repulsa e o
amor se transformou em desejo.
Por esta linha é impossível que a união perdure e, se
mesmo assim se mantiver, será à custa de sofrimento e tristeza.
Em algum momento lá atrás aconteceu essa mudança de direção.
Quando o pai deixou de amar a mãe e demonstrou sua repulsa por ela, e a mãe, da
mesma forma, demonstrou aos filhos que já não admirava seu esposo.
Os filhos sentiram e sofreram, fixaram marcas nos seus
corações para sempre. Então, quando cresceram e se tornaram marido e esposa, já
marcados, ficaram na espreita do momento em que o companheiro ou a companheira fizesse algo
que lembrasse seus pais, desencadeando então, todas as mágoas que estavam
prontas para explodir. Foi quase impossível conter a emoção que, como um vulcão
em erupção, lançou fogo e brasa, ferindo e magoando. Assim, disseminaram a
discórdia também para os netos e bisnetos daqueles que inverteram a seta do
amor.
O que fazer então? Tudo está perdido?
Claro que não! Nesta vida em tudo há possibilidades.
Em Ex 20, 5-6; Ex 34,
6-7; Dt 5, 9-10; Dt 7, 9 e Jó, 21,19, está escrito mais ou menos assim: - Deus castiga os pecados dos pais nos filhos,
netos e bisnetos, até a terceira ou quarta geração, mas abençoa mil gerações
daquele que O ama.
Entendeu? Vou explicar:
Alguém deve quebrar esse ciclo de tristezas e desconcertos
revertendo a direção da seta do amor. Ou seja, alguém nessa sequência de erros
deve tomar a atitude de amar simplesmente por amor ao amor.
Para aquele que decide amar, não deve haver a expectativa da
recompensa, o simples prazer em amar já é a recompensa. Principalmente no matrimônio. Mas, se mesmo assim, a vontade de ser amado ou amada for tão intensa
que não dá para deixar pra lá, experimente o amor de Deus. Só Ele pode te amar
na intensidade que deseja, pois Deus é a única fonte e o próprio e verdadeiro amor.
Paulo disse que experimentamos um pedacinho do amor de Deus,
mas chegará o momento em que o teremos por completo. Então, por que ser mendigo
de amor?! Não dá para esperar o amor de alguém, porque uma pessoa não é fonte
de amor, só Deus é. Entendeu agora?
O que dá para fazer é ser um transmissor do amor de Deus.
Simplesmente amar já é o bastante.
Podemos buscar então, no matrimônio, cumprir o que está sugerido
em Ef 5, 22-28, onde a recomendação é para que a mulher confie em seu marido,
nos caminhos eleitos por ele para conduzir a família, pois a ele foi dado por
Deus o dom de saber do futuro. Mas, essa confiança deve ser a recompensa por si
só, pela simples satisfação em confiar, sem esperar qualquer reconhecimento. E,
ao marido, cabe amar a sua esposa profundamente, pois a ela foi dado o dom do
afeto e da amizade. Também, sem esperar que ela reconheça esse amor, buscando sua
satisfação na decisão de amar somente.
Sei que não é tão simples assim abrir mão daqueles
sentimentos que estão arraigados no coração, porém há alguns caminhos para se
chegar a essa perfeição. E, um deles é ajudar o outro a se reencontrar com seus
pais biológicos, mesmo que eles já não estejam neste mundo. Ajudá-lo(a), pelo perdão, a
refazer a imagem de pai e de mãe que se perdeu no tempo, pois só o perdão é capaz de viajar pelo passado e consertar o presente.
Os nossos pais biológicos são a nossa raiz. Quando fortalecida, suportamos vendavais.
Os nossos pais biológicos são a nossa raiz. Quando fortalecida, suportamos vendavais.
Vale a pena? Afinal, não seria somente para aprender a conhecer o Amor de Deus que estamos vivos e existimos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário